Produção Intensiva de Peixes com Lagoas de Plantas Aquáticas – Manutenção de Lagos

A tecnologia de tratamento de água com plantas aquáticas e aeração artificial combinada, trata águas residuárias (efluentes e esgotos) e também lagos ornamentais eutrofizados. O uso de plantas aquáticas permite, por outro lado, também, a criação intensiva de peixes em tanques sem troca de água, sendo uma solução comprovada, sob certos critérios.

Esta técnica, em piscicultura, combina as plantas para tratamento de água e bolsões, de 50 a 200 m3, para confinamento dos peixes, uso de enzimas, para acelerar o tratamento da água, e aeração. O sistema permite alcançar biomassas de 30-40 kg/m3 de água dentro do bolsão.

As enzimas (Biomax) incrementam a digestão de matéria orgânica na água deixando-a menos tóxica e aeração permite o crescimento dos peixes e promove também a movimentação da água e o contato com a as raízes das plantas aquáticas.

Tanques de produção intensiva de peixes apresentam altos níveis de nutrientes poluidores (amônia, nitrato e fósforo) que, além de responsáveis pelo aparecimento das algas tóxicas (cianofíceas) e por uma baixa capacidade de oferecer oxigênio aos peixes, reduzem a resistência e crescimento dos peixes.

O sistema de produção de peixes com plantas aquáticas deve cobrir toda a superfície da agua no tanque e ser mantido em movimento com a aeração.

Entre as vantagens da cobertura de plantas citam-se a ausência de algas verdes, controle da inversão térmica e absorção dos níveis tóxicos dos nutrientes; quanto à aeração, gera uma movimentação de massa de água que proporciona melhor contato dos poluentes com as raízes das plantas que a purificam com absorção e filtração.

No processo, as plantas absorvem os fertilizantes derivados da decomposição da matéria orgânica dissolvida (fezes, ração, folhas, etc.) e a aeração mantém a agua saudável e oxigenada.

Uma espécie de planta bastante promissora, que se adapta a vários climas e condições tróficas, é a Lemna, uma planta aquática flutuante com uma capacidade de produção de biomassa (60 kg/m2/ano) com grande capacidade de remoção de nutrientes. A Lemna tem teor de proteína de 13-41% na matéria seca e 13 % de fibras; seu teor fósforo é de 0,26%, 63% de Nitrogênio, 0,37% de Sódio e 1,22% de Cálcio na massa seca. A temperatura mínima de desenvolvimento é de 6,2 ºC , a ideal de 25,7ºC e a máxima de 36,8ºC. O pH ideal deve ficar entre 4,5 a 7,5. A Lemna pode duplicar seu peso a cada 2 a 3 dias e sua produtividade em matéria seca é de 10 a 46 ton/ha/ano. Tem uma boa palatabilidade o que faz dela um complemento alimentar (ração) para peixes ou bovinos entre outros. Em piscicultura é usada como arraçoamento na base de 5 a 30% do total da ração na alimentação da Tilápia, por exemplo. Em alguns casos, os peixes passam a representar uma ameaça ao crescimento destas plantas no inicio do povoamento, devendo-se fazer a proteção com telas que evitem o contato direto com os peixes.

Este método de produção apresenta uma capacidade de produção de até 5 kg de peixe/m2 nos viveiros de engorda, sem uso de bolsão, com reposição de água apenas das perdas por infiltração ou evaporação. Se forem usados os bolsões se mantem a relação de 30-40 kg/m3. A aeração é dada por um compressor de apenas 0,6 CV para cada 1200 m2 de tanque. Assim, um viveiro de 50 m3 produz 2 tons por ciclo (ex.: Tilápia 4 meses, Tambaqui, 6 meses, etc…).

Manutenção da Qualidade de Água e Desenvolvimento Acelerado das Plantas

Manutenção do sistema

A manutenção do processo produtivo se faz com a remoção periódica do excesso de plantas que vão se desenvolvendo com uma retirada das plantas com raízes e folhas.

Uso das Enzimas (Biomax) – Lagos e Tanques

Para incrementar o controle do lodo e da matéria orgânica no tanque se dosa o Biomax em duas situações: no inicio uma dose maior até que se estabilize e depois, uma dose menor para manutenção:

Tabela de criação intensiva de peixes e plantas aquáticas

Note-se a presença de camadas de lodo sobrenadantes; o excesso de lodo reduz drasticamente a oxigenação, a vida no lago e o aproveitamento da ração dos peixes (perda de mais de 25% perdido no fundo junto ao lodo).

Os principais agentes tóxicos removidos por absorção das plantas são a amônia (NH4), o nitrito (NO2) e nitrato (NO3) além do fósforo e o potássio entre outros.

Aeração

Tipos de Aeradoresaeração com ar difuso tem a função de incrementar o desenvolvimento das plantas, alterar a população de microrganismos, reduzir odores eventuais e assegura a circulação da água e o contato com as raízes.

Um aerador com ar difuso direcionado mantém aerada e em movimento toda a água de um tanque ou lagoa de até 2 hectares/equipamento. No caso do uso de bolsões, podemos circular 100% da água em pelo menos de 3 horas. A aeração melhora as condições para todos os organismos aquáticos, reduz a demanda biológica de oxigênio (DBO), consumindo a carga orgânica dissolvida, e aumentando a transparência em consequência. A aeração é usada para evitar também áreas de baixa circulação em lagos ornamentais.

Estes aeradores aliam eficiência com arraste de água e utilizam motores comuns de baixa manutenção para operar por anos. Veja o vídeo:

Uso de Bolsões

Dimensionamentos e Custos – Procedimentos padrão:Uso de Bolsões

1) Para recuperação de lagos ornamentais: com baixa quantidade de peixes (< 0,5 kg/m2), o lago deve ter pelo menos 10% de sua cobertura em plantas aquáticas; um aerador de 0,6 cv cobre tanques de ate 1200 m2; no povoamento com as plantas usar 60 litros de plantas para cada 10 m2 e deve-se manter a alcalinidade da água entre 70 e 100 mg/l.

2) Para criação de peixes de forma intensiva (manter biomassa < 5 kg/m2 de tanque) sem troca de água; usar a quantidade de plantas que cubram como tapete a maioria da superfície do lago; usar 60 litros de plantas para cada 10 m2; manter a alcalinidade da água entre 70 e 100 mg/l e um aerador de 1 CV para cada 4 tons de biomassa (peixe). Obs.: Com uso de bolsão com 30-40 kg de peixe/m3, a circulação deve ser de 100% a cada 3 horas.